14 de novembro de 2012

Folha em branco

Folha em branco 

            A folha em branco, o copo de cerveja, a amante e a namorada parecem bem iguais depois da meia noite. Encaram-te da mesma forma, tão cheios desse vazio. Esperando-te agir, de qualquer forma. E você espera o mesmo deles.

             Que o copo te mande parar de beber, a folha se preencha sozinha. Que a amante desista do marido e a namorada de você. Que algum deles te encha. Qualquer um deles, ou todos eles. Mas só quem te obedece é o copo. Sempre ele, o melhor pior amigo do homem

              A namorada te enche de beijos. Eles costumavam ter sabor de cerveja, mas agora cheiram a culpa. Culpa por amar a amante. Ela sim tem beijos com gosto de cerveja, mas também cheiram a culpa por não confessar seu amor à ela, a folha também te culpa, com sua censura branca, por não ser capaz de preenche-la e esperar que algo vazio te encha.

              Mas o copo, ele sim é um bom amigo. Daqueles que te deixará puto amanhã, mas fará você fugir da sua vida. Dar um pulo em outra, com um pouco menos de culpa, menos amarga. Eu me encho com a cerveja ou o copo se ergue até a minha boca? Não sei. É tão mecânico quando não compartilhar minha vida com minha namorada ou minha amante. E a vida segue. No mesmo ritmo, na mesma rotina. Na mesma melancolia cômoda, de dias vazios e folhas em branco.

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