Domingo Legal
Essa crônica é verídica e manterei ela o mais verídica possível, mas se aparecerem gnomos, não me venha perguntar se isso era verdade. Tudo começa num belo dia no curso de italiano. Mentira, nem o dia era lindo e nem o curso era de italiano, mas que seja, o que importa é que tava tocando molejão ao fundo e tinha um aluno novo na classe. Aula normal, apagadores e bolinhas de papel voam pela sala, e toca a sineta do intervalo.
E então o menino, que vestia camisetas, calças e usava uma bolsa vermelha, me lembrando terrivelmente um absorvente usado gigante, me perguntou:
- Hey, o nome da sua mãe é Marcia?
Meu sangue gelou, meu coração parou de bater e respondi:
- Nem é, brother, por que?
Broxante, eu sei. Mas o que eu poso fazer? Sempre desejei um reencontro daqueles entre dois amigos de infância regados a maconha e puta (Mentirinha, juro), mas minha mãe não se chamava Márcia Briguei com ela, mas são as ironias dos cartórios da vida. Quatro meses se passaram, descobri que o nome dele era Raphael - Não sou a namorada dele, porra! -, Continuava tocando molejão e conversando em outro intervalo descobrimos que estudamos na mesma escola no primário e então veio o Flash, não esse, mas o da Dory, em procurando Nemo e arrisquei:
- Cebolinha?
Ok, não é exatamente uma palavra secreta, mas funcionou:
- Sim!
- Caramba, véi. Nós eramos melhores amigos!
E dai você se pergunta como eu esqueci meu antigo melhor amigo, mas poxa, eu passei mais de um ano chamando ele de cebolinha, tenho culpa? E caramba, antigamente ele não parecia um absorvente usado gigante.
- Sua mãe não chamar Marcia?
- O nome dela é Hélia, cara.
- Mas o resto eu lembro direitinho. Ela era professora, tinha uma ferrari azul - Era um fusca, mas é tudo meio parecido - E era morena.
- Bem por ai
E a Sineta tocou, é claro, para acabar com a nossa alegria, mas poxa, havia reencontrado o Cebolinha! E ele parecia um absorvente usado gigante!
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